quarta-feira, 23 de março de 2016

APRESENTAÇÃO

Na fronteira de dois mundos: um, o país continente chamado Brasil; o outro, a América Latina de língua hispânica. Nessa região, ao sul dos mapas, e que se assemelha muito mais a uma intersecção do que a uma linha divisória, estamos nós. Mestiços, tanto em nossa formação genética, como em nossa identidade cultural. Bebemos da fonte de dois rios que se encontraram lá na Ibéria e que aqui se depararam novamente, mesclando-se, por sua vez, ao caudaloso rio indígena e ao profundo rio africano. Depois, outros rios também se mesclaram a nós. Dessa junção é que somos formados. Esse é o sumo que irriga as nossas veias e é o material invisível que transformamos em poemas e canções. Em meio a tudo isso, o tempo.

Sempre o tempo. O passar de muitas gerações. Os que vieram antes apontando o rumo, dando um sentido ao que fazemos e somos. São eles a voz do tempo nos dizendo que a deles - e, por legado, a nossa - não é uma arte que chega fácil aos ouvidos; não tem essa pretensão, posto que é mais de conteúdo que de embalagem; mas é, isto sim, uma arte que tem o intuito de permanecer, de ser rio perene, de gravar no tempo os seus passos. De seguir, sem pressa, trilhando os seus próprios caminhos. Que são os caminhos de nós mesmos.

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