O sal que verte no olhar
Do cerro do Matadouro
Chegava tropa e mais tropa
Restava a carne e o couro
Que a vida não tinha volta
O sal que vinha de Cádiz
Pra alimentar as charqueadas
Cobrava a vida do gado
E o sangue das mãos escravas
Mas que força é que separa
Os homens por suas cores
Se todos têm em sua alma
Iguais espinhos e flores?
Assim cresceram as cidades
Neste sul do continente
O sal...o suor...o charque
A confundir gado e gente
Às vezes... um fim de dia
Chegando em rubro sol-pôr
Mesclava em água e sangria
Dois rios e uma mesma cor
Mas que razão determina
A casa grande e a senzala?
Que lei humana ou divina
Justifica a dor escrava?
Restaram as cercas de pedra
Os casarões, as fachadas
E uma história que espera
Por ser ainda contada
Martim César
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